Studio Mariana Campos

Todos os dias eram uma grande aventura na minha infância e adolescência. De maneira inversa à grande obra audiovisual da minha época, chamada de "O fantástico mundo de Bobby", em que o pequeno protagonista transformava o mundo real em algo fantástico em sua mente, eu tentava materializar para os meus amigos do mundo real as aventuras que ocorriam na minha mente. Essa era a minha grande preocupação todas as manhãs.

Na tenra infância isso acontecia magicamente com as minhas primas quando nos metamorfoseávamos de fadas poderosas trilhando grandes jornadas. Mais para frente era com as colegas da escola formando o grupo MDP - Mulheres De Preto, numa alusão ao filme MIB, onde vasculhávamos o colégio a procura de situações suspeitas, dignas de outro mundo. Eu estava sempre "inventando novidade", como diria minha mãe. Mais tarde eram os trabalhos escolares que regularmente eram sugeridos por mim que fossem feitos em vídeo. No vídeo tudo era possível, sejam fadas poderosas, jornalistas geográficos, entrevistas com escritoras famosas e crianças ensinando adultos a usarem limpol gel.

Retomar essas e muitas outras memórias me faz pensar sobre onde tudo começou, em que ambiente eu vivi e em como interagia com ele. Quais eram as minhas influências? Como as coisas se combinaram na minha mente para chegar em quem sou hoje? O mundo de quimeras veio dos livros por onde vagava, de histórias em histórias, conhecendo novos mundos, sorrindo e chorando em outras realidades. Quando ele se fez pequeno, percorreu-se o caminho até a televisão. Ela materializava de forma ilusória as zilhões de história que lia em meus livros. Os livros me permitiam imaginar e o vídeo materializar a minha imaginação.

Hoje volto a escrever e penso que este é um caminho natural. Todo vídeo é precedido de um texto. Todo texto é um conjunto de pensamentos justapostos e conectados. Os pensamentos vem de uma chama. O que acende a sua chama?