O que eu via era que toda essa cultura de entrar no Judiciário diante de um conflito, era muito menos em busca de justiça real e muito mais uma preguiça ou dificuldade de se comunicar. É muito mais fácil ter alguém que decida por nós. Eu acho a liberdade um princípio tão primariamente fundamental quanto comer, e muitas vezes me causava estranheza as pessoas simplesmente abrirem mão da sua liberdade de escolha, para que um terceiro diga o que tem que ser feito, numa situação tão simples.
Eu não estou aqui desfazendo do sistema jurídico nacional, dizendo que ele não é importante. Tem situações que ele imprescindível. Mas, o próprio judiciário e Conselho Nacional de Justiça já perceberam que existem e são necessárias outras formas de resolver um conflito. Uma delas é a mediação. Quando eu li sobre mediação pela primeira vez eu achei era apenas mais uma forma de desafogar o judiciário, mas resolvi entender melhor e descobri que é muito mais que isso. Acabei me formando como mediadora judicial e durante o meu curso teve uma colocação da instrutora que me faz pensar até hoje: Existe justiça quando as duas pessoas podiam sair felizes, mas apenas uma saiu vencedora?
Me perdoem os mediadores se eu estiver sendo muito rasa na definição, mas eu costumo trazer a ideia simples e rápida que a mediação é uma forma de facilitação da comunicação entre as partes. A mediação mantém a liberdade das partes de fazerem escolhas juntas. Não é o mediador que vai decidir nada, ele só facilitar a comunicação para que as partes de forma madura e conjunta possam conversar e quem sabe resolver seus próprios problemas.
Eu lembro que um dia a minha instrutora mandou uma lista de livros com temas legais para a mediação e eu resolvi ler um que se chamava Comunicação Não Violenta (CNV). Ao ler o livro eu me apaixonei pelo tema, mas havia entendido como se a CNV fosse apenas mais uma ferramenta para mediação. Até que no mês passado teve um evento sobre o assunto aqui na cidade e eu, que já era fã, resolvi ir.
Eu tenho um vídeo no canal sobre a CNV (clica aí embaixo se quiser assistir!) que explica uma parte do tema com base na minha experiência com a leitura do livro. Confesso que depois do evento meu conceito se ampliou bastante, mas acredito que o vídeo ainda seja válido.
Descobri que a CNV não é uma ferramenta e hoje acredito que é um estilo de vida que assim como a mediação prega a boa, clara e profunda comunicação entre os seres humanos. É impressionante como a gente acha que sabe se comunicar bem, mas quando estuda sobre isso descobre que tem muito ainda a aprender.
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