Um belo dia eu me olhei no espelho e tinha uma pontão preto no meu nariz. Espremi, espremi e espremi e nada do danado sair. Resolvi ir a dermatologista e descobri que era um super mega cravo. Ela disse que pra tirar só com o bisturi. Anestesia, bisturi e algumas hora depois, ele se foi.

Apesar da sua partida ele tinha deixado marcas da sua presença: uma cratera no meu nariz. A dermato cauterizou o local para não aparecer outro cravo, mas disse que a cratera ficaria lá pra todo e todo sempre.

Desde então nunca tinha sido algo que me incomodava de fato, apesar de sempre ficar acúmulo de protetor solar e produtos em geral. Achei que podia ficar melhor e resolvi decorar aquela lembrança de um sebo de negritude que viveu em mim. Resolvi fazer um piercing bem no lugar, trazendo novas memórias.

Falei do meu propósito em casa e foi aquele rebuliço negativo. Matutei  algum tempo e um belo dia ao meditar na praia olhando para aquele mar e céu azul, pensei: Yemanjá me segura que é hoje! Ela não me segurou, então segui atrás do meu ornamento. Achei que seria dolorido, mas não passou de uma leve fisgada em todos os sentidos.

Agora tenho memórias no meu nariz. Tenho um nariz que brilha com luzir da gema, trazendo a verdade de que eu sou capaz de fazer minhas próprias escolhas e está tudo bem.